A pensão alimentícia é um dos temas mais sensíveis do direito de família e, infelizmente, também um dos que mais geram dúvidas e conflitos.
Seja após uma separação, divórcio ou reconhecimento de paternidade, garantir o pagamento da pensão é essencial para assegurar o sustento e o bem-estar de quem dela depende — normalmente, filhos menores, mas também pode incluir ex-cônjuges e até pais idosos.
Neste artigo, você vai entender o que é a pensão alimentícia, como ela é calculada, quais são os direitos e deveres de quem paga e de quem recebe, e principalmente, o que fazer para garantir seus direitos mesmo em situações difíceis, como desemprego ou inadimplência do outro responsável.
O que é pensão alimentícia e quem tem direito
A pensão alimentícia é um valor mensal determinado pela Justiça para garantir que uma pessoa que depende financeiramente de outra tenha acesso ao necessário para viver com dignidade.
Isso inclui não apenas alimentação, mas também moradia, educação, saúde, lazer e vestuário.
Pelo Código Civil Brasileiro, podem pedir pensão alimentícia:
- Filhos menores de idade;
- Ex-cônjuge ou companheiro que comprove necessidade;
- Pais idosos que dependam financeiramente dos filhos;
- Filhos maiores que estejam estudando e não tenham renda própria.
Em todos os casos, a pensão tem como base dois critérios fundamentais: a necessidade de quem pede e a possibilidade de quem paga.
Como é calculado o valor da pensão alimentícia
Um dos maiores mitos é acreditar que existe um valor fixo para a pensão alimentícia — como 30% do salário, por exemplo.
Na verdade, esse percentual pode variar bastante conforme cada caso.
O juiz analisa três elementos principais:
- Necessidade – o quanto o beneficiário realmente precisa para se manter;
- Possibilidade – quanto o responsável pode pagar sem comprometer o próprio sustento;
- Proporcionalidade – equilíbrio entre necessidade e possibilidade.
Em muitos casos, o valor é fixado com base no rendimento do pagador, podendo ser um percentual do salário (incluindo 13º, férias e outros benefícios), ou um valor fixo quando não há emprego formal.
É importante lembrar que a pensão alimentícia deve ser suficiente para cobrir as despesas básicas do dependente, e pode ser revisada a qualquer momento, caso haja mudança significativa na renda ou nas necessidades.
Quando a pensão alimentícia pode ser revisada
A revisão da pensão alimentícia é um direito garantido em lei. Ela pode ser solicitada tanto por quem paga quanto por quem recebe, sempre que houver alteração na situação financeira de uma das partes.
Alguns exemplos comuns incluem:
- Perda de emprego ou redução de renda do pagador;
- Aumento das despesas do filho (como escola, saúde ou moradia);
- Novo casamento ou nascimento de outro filho;
- Melhor condição financeira de quem recebe.
Para pedir a revisão, é necessário entrar com uma ação revisional de alimentos, comprovando as mudanças de forma documental (holerites, comprovantes de despesas, etc.).
O juiz, então, analisará o caso e poderá aumentar, reduzir ou manter o valor da pensão alimentícia.
O que fazer quando a pensão alimentícia não é paga
O não pagamento da pensão alimentícia é uma das situações mais delicadas e estressantes. No entanto, a lei brasileira é rigorosa nesse ponto.
Se o responsável deixar de pagar, o beneficiário pode acionar a Justiça através de uma execução de alimentos. Essa ação tem duas modalidades:
- Cobrança com prisão – o devedor pode ser preso por até 90 dias em regime fechado (mas separado de outros presos) se deixar de pagar as três últimas parcelas;
- Cobrança por penhora – quando o objetivo é reaver valores mais antigos, o juiz pode determinar a penhora de bens, salários e contas bancárias.
A prisão civil é uma medida extrema, mas muito eficaz para forçar o pagamento da pensão alimentícia, já que demonstra a seriedade da obrigação.
Pensão alimentícia em caso de desemprego
Um dos principais dilemas é o que acontece com a pensão alimentícia quando o responsável perde o emprego.
Mesmo desempregado, o pagamento não é automaticamente suspenso.
O ideal é entrar com um pedido judicial para revisar o valor, apresentando provas da nova condição financeira.
Se a pessoa simplesmente deixar de pagar, pode acumular dívida, sofrer penhora e até prisão.
Por isso, a melhor solução é buscar a Justiça rapidamente, antes que a dívida cresça.
Como garantir seus direitos em situações difíceis
Garantir o direito à pensão alimentícia pode ser desafiador, especialmente quando há conflito entre as partes ou dificuldades financeiras.
Veja algumas orientações práticas:
1. Formalize tudo judicialmente
Mesmo em acordos amigáveis, é fundamental oficializar a pensão alimentícia por meio da Justiça. Isso dá validade legal e segurança a ambas as partes.
2. Guarde todos os comprovantes
Quem paga deve guardar todos os comprovantes de depósito. Quem recebe também deve manter registro dos gastos, pois isso é importante em revisões futuras.
3. Evite acordos informais
Acordos sem respaldo jurídico podem gerar confusões e serem difíceis de comprovar. O caminho mais seguro é sempre o judicial.
4. Conte com apoio jurídico
Um advogado especializado em direito de família é essencial para orientar, calcular valores e representar o caso de forma estratégica.
Pensão alimentícia para filhos maiores de idade
A pensão não cessa automaticamente quando o filho completa 18 anos.
O pagamento continua enquanto o jovem estiver estudando e não tiver condições de se sustentar sozinho.
Normalmente, a pensão alimentícia é mantida até os 24 anos, caso o filho esteja cursando ensino superior.
No entanto, cada caso é avaliado individualmente.
O término do pagamento deve ser solicitado judicialmente.
Ou seja, o responsável não pode parar de pagar por conta própria, sob risco de acumular dívida e responder judicialmente.
Direitos de quem paga e de quem recebe pensão alimentícia
Tanto quem paga quanto quem recebe a pensão alimentícia têm direitos e deveres. Veja os principais:
Direitos de quem paga
- Solicitar revisão se houver mudança na renda;
- Receber comprovantes de gastos (quando solicitado judicialmente);
- Ter transparência sobre o uso do dinheiro, especialmente em caso de guarda compartilhada.
Direitos de quem recebe
- Exigir o pagamento dentro do prazo;
- Solicitar execução judicial em caso de inadimplência;
- Pedir aumento em caso de necessidade comprovada.
O equilíbrio é o caminho ideal para garantir o bem-estar da criança ou dependente, que é sempre a prioridade da Justiça.
Pensão alimentícia e guarda compartilhada
Muitas pessoas acreditam que a guarda compartilhada elimina a necessidade de pensão, mas isso é um equívoco.
Mesmo quando ambos os pais participam igualmente da criação do filho, a pensão alimentícia pode ser necessária.
O juiz considera a renda de cada um e a proporção de gastos assumidos.
Se um dos genitores tiver renda maior, ele continuará contribuindo financeiramente com o outro.
Como agir em caso de ameaças ou violência
Infelizmente, há casos em que o tema da pensão alimentícia está envolto em ameaças, chantagens ou violência doméstica. Nesses casos, é essencial procurar ajuda.
A vítima deve buscar apoio jurídico e psicológico, além de registrar boletim de ocorrência.
A Justiça oferece medidas protetivas, que garantem segurança e continuidade no processo sem contato direto entre as partes.
Conclusão: Garantir seus direitos é um ato de responsabilidade
Lidar com questões de pensão alimentícia pode ser emocionalmente difícil, mas é um passo fundamental para proteger quem depende desse sustento.
Buscar orientação jurídica, formalizar os acordos e agir dentro da lei são as melhores formas de garantir seus direitos e evitar desgastes futuros.
A pensão alimentícia é mais do que uma obrigação: é um compromisso de responsabilidade, respeito e amor — especialmente quando envolve o bem-estar de uma criança ou de um familiar em situação de vulnerabilidade.

